sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Meia Maratona do Rio de Janeiro 31 de agosto de 2014

Eu nunca pensei que chegaria a ser corredora de longa distância. Em abril desse ano completei 21 km em Jundiaí. Fiz em 2h:34min os 21km. O que veio depois desses 21 km quase me fez desistir de correr longas distâncias. Eu tive derramamento articular, senti no quilômetro 16 da corrida, mas não dei importância. Fiquei por uma semana mancando e doía muito o joelho, fiz fisioterapia. 
Voltei a correr, dessa vez em terrenos diferentes do que já estava acostumada, senti o joelho de novo. Peguei mais pesado no fortalecimento. Comecei a fase dos longões. Primeiro foi de 12 km, mantive aumentei para 13km, 14km e mantive durante uma tempo em 15 km, em um momento fiz 18km... após isso senti a panturrilha. Uma dor intensa que nunca abandonava. Fiquei uma semana assim. tentei correr 15km, corri, mas fiquei sem poder tocar o chão de tanta no calcanhar....
Fiquei um mês parada, para não perder o ritmo já que agosto estava próximo, resolvi fazer spinning e acabei com todo meu preconceito sobre essa atividade. Fui ao médico, nada acusou nos exames. Overtrainning

Voltei sem dores, após muito fortalecimento e muito gelo voltei. Mas estava com asma e meu pace aumentou em 1 min. Estava em longões fazendo um pace de 6:12. Fui para um pace de 7:12. 
Preocupei. Sempre pensei que demorar numa prova de 21km ou uma maratona era tão prejudicial quanto forçar além da conta. 
Pensei em desistir... Mas valia tentar o treino de agosto inteiro... treinei. Nem sempre fechei planilha... Algumas vezes a respiração nao deixava correr alguns metros. Não forcei.
Academia foi bem frenquentada, mas dessa vez para circuitos e atividades aeróbicas.
Na ultima semana me sentia quase totalmente preparada para os 21km. No entanto sentia medo... 
Por não ter completado planilhas com longoes, por não ter feito tratamento mais eficaz da asma, por nao está com o pace que pensei que estaria... Gostaria de ter corrido com pace de 6 min/km.
E chegou o dia. Tudo uma festa, afinal para isso que tinha investido na prova, diversão.
Fui com o Daniel corredor e taxista para a corrida, minha amiga Carol que tinha chegado na noite anterior e minha amiga corredora Bruna também foi. Bruna e eu iamos correr, comecei dentro do carro a chegar a quantidade de géis... 4 ... Era pouco...? bom era 1 a 7km... Ok entao. Gatorade...Ok, comprei uma garrafinha pequena que ficava proxima a braçadeira do celular... muitos iriam se agoniar mas depois de tantas corridas já estava mais do que acostumada. Só quando eu tirava que era chato porque arriscava de bater no braço e o fone do celular dava mal contato. 

Mas ai vi a garrafinha de gatorade da Bruna. Droga, não tinha... tentei comprar na chegada. Nada... Tinha tomado varias garrafas durantes 3 dias anteriores, mas la na hora, talvez fosse necessário... Sem pânico, talvez fosse só nervosismo, achei água, tomei... Melhorei... Banheiro.. talvez fosse bom... Fui. Estava bem. Todos reclamando do sol. Acho que treinos ao meio dia me fizeram ignorar temperaturas altas,
Começou a largada... Ficaram na dúvida qual era a largada... deixei um montante passar olhei e perguntei a Bruna se agora ela ia... Ela disse que nao. Resolvi ir, dei um abraço apertado na Carol e na Bruna... Logo nos primeiros metros vi a Mara, que é de Goiânia, o pace dela era bem mais baixo... Logo a perdi de vista.
Ok, subida da Niemeyer...


Resolvi manter um pace de 7, muita mas muita gente passou de mim, correndo muito forte. E quando chegamos na parte mais alta, muita gente estava andando sem fôlego, eu estava com fôlego e sem calor.... ok, vou para um pace 6:40... Quando olhei para cima, era o povo todo do Vidigal batendo palma. Que emoção, dei tchau... Me senti realmente uma vencedora naquele momento. E pensei que era esse o espírito da prova... Esqueci o tempo, apesar de controlar o pace, mas decidi não preocupar, a prova seria como deveria ser.
E assim fui... até que desci para o Leblon. Leblon -Ipanema foram e sao minha pista de corrida de velocidade então achei uma boa correr com mais rapidez. Lá foi possível beber água e olha, gatorade... Nem precisei do meu. De repente a música parou... Droga... e se fosse sem música? Encontrei uma senhora com a blusa da assessoria esportiva de dois amigos de São Paulo. Troquei uma ideia. E vi que o boné era da Conrades... Disse que era uma sonho, ela serenamente falou vai conseguir só treinar, respondi que esse era meu primeiro ano de corrida... Pensei por que tanta pressa a minha, era minha primeira meia maratona...
Ela disse: Ah, muito ainda o que correr e a ser vivido em prova.
Legal, pensei que esse era o objetivo, ritmo confortável, sem cobranças, correr para concluir.
acelerei em Ipanema, cheguei no Arpoador, sombra e muita gente, apressei. Encontrei muita gente de Manaus e ai encontrei amigos, que até tiraram foto em Copacabana.
Entrei no tunel metade da corrida ja tinha passado... De repente todos começaram a gritar e cantar... esse era o espírito do esporte... a perna começou a reclamar, será que tinha forçado? Vi o posto de água. Otimo... Vou pegar...alguem passou na minha frente e me fez parar, ai sensação estranha... 
Tomei agua, o sol estava bem mais forte. Ignorei... gatorade. Tomei o quanto pude, tinha acabado de tomar gel...
Apareceram os fotógrafos, estava entrando no Aterro. Ah que lindo, tava chegando no km 15, sorri, foi quando as pessoas cumprimentavam a gente e dizia que estava chegando, sorri de volta e acenei agradecendo pelas palmas. Parece bobo, mas o esporte nesses momentos é mágico. Se você é insensível a essas emoções você não faz mais por prazer.



Ok, final o calor realmente estava forte, de repente se fez silencio ao redor, era muita gente cansada ao meu redor. Senti as pernas no km 16... Pensei, será cansaço ou vou ter outro derramamento articular? Não... É cansaço. Resolvi andar... mas vi o relógio e estava 1h:48min... Pensei que bom, estava abaixo de 2h. Talvez consiga chegar em menos tempo do que fiz... A volta para a pista da chegada nao encontrava, nao estava ao alacance... na pista ao lado era a pista de quem já estava a caminho da chegada... 
Bateu o cansaço, nao ouvia música de chegada mais, não via mais nada, só ouvia respirações ofegantes... Senti o joelho mais enrijecido, não doía... 
Correr mais rápido nao dava. Resolvi ser um robô... mantive um pace, mas andei.... Olhava para o lado, voltei a correr km 18... nada da volta... algum tempo já tinha passado. 18,5km vi a passagem... resolvi correr mais forte, não consegui arrancar. Ok, mantendo o pace 6:45, tava ruim, mas tudo bem... Manter... e chegar virei... alívio, pista de chegada.
Foi quando deu desespero, pista de chegada será que vou percorrer tudo o que havia percorrido na outra, será que é o Aterro inteiro e a chegada está no começo Botafogo-Flamengo enquanto eu estou na frente da Lapa? 19,7km andei mais um pouco, chequei o relógio. Não é hora de andar, vou correr... Km 20... Droga 1km, cadê Carol? Ela disse que estaria na chegada. Ah! meu relógio das placas tinha uma diferença de alguns metros. 
Ok, Estou no final... Vi a chegada, ouvi música abri o sorriso, não aguento sprint. Ok vou correr em trote, tá no fim... Fazendo aviãozinho. Levantando o braço! E assim passei muito feliz na chegada, ando vários metros fico procurando Carol. Não penso em nada... Depois penso no meu pai, o quanto estaria aplaudindo, minha  mãe e seu celular que estaria batendo mil fotos. Peguei a medalha.
Foi A corrida... telefone, é minha mãe. Quero abraçar o telefone, assim como quero abraça-los.
Terminei a prova dos meus sonhos em 2h: 27min. Sim, haverá outras, mas essa foi a primeira oficial a que recebeu todas as primeiras sensações e emoções e foi aqui no Rio de Janeiro. 


2 comentários:

  1. Muito bacana o relato e principal foi curtir a prova e a paisagem que devem ter sido fora do comum! paragens! que venham muitas outras mais!

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